Na última semana de fevereiro o mundo acompanhou aflito a Rússia começar um movimento de invasão militar na Ucrânia. O assunto é complexo até para os mais informados, pois geopolítica nem sempre é fácil de entender. Então, se para os adultos pode ser um tanto complicado, quem dirá os pequenos, não é mesmo? Então, como falar de guerra com as crianças?
Com os mais novos, se a criança provocar o assunto, o mais indicado é explicar de maneira sutil o que está acontecendo. Primeiramente, você pode mostrar o Mapa-múndi para ela e explicar onde está o Brasil e, neste caso, onde está acontecendo a guerra. Assim, ela terá a percepção de como está “distante”, já que na imaginação delas, algo pode acontecer — dano físico ou até mesmo bombas caindo na sua rua — por conta da guerra.
Da mesma forma, em relação aos mais velhos — a partir de oito/nove anos — é válido perguntar o que eles já sabem sobre o assunto e instigar essa conversa. Isso porque, na maioria das vezes, crianças nessa idade já têm acesso a celulares com informações de todo tipo, o tempo todo. Portanto, esse é o momento de abrir espaço para desabafos, para também falar sobre medo e aflições. É natural que a criança se sinta em perigo por não entender a dimensão do que está havendo. Sendo assim, pergunte à criança o que ela sabe até agora, o que ela tem sentido em relação a isso. Além disso, sempre oferecer acolhimento e segurança para que ela compartilhe suas dúvidas e receios em torno do assunto.
Em todo caso é bacana pontuar que é normal sentir o que a criança está sentindo, que realmente é uma situação muito triste e difícil. Dessa maneira, é interessante falar de uma maneira tranquila. Assim não há a incitação de certo ou errado, bem e mal, e não gera-se polarizações, intolerâncias e preconceitos. Apenas reforçar a importância da garantia dos direitos humanos e de como a violência não deve ser a resposta para qualquer tipo de conflito.
Ademais, monitorar o que os pequenos consomem, seja no noticiário, seja em vídeos na internet é de extrema importância para que eles não sejam expostos a imagens fortes, que podem acabar gerando traumas e pesadelos.
Segundo a Agência da ONU para Refugiados (Acnur), em 2021, a Síria foi o país com maior número de refugiados: aproximadamente 6.748.000 pessoas se deslocaram do país. Já na Ucrânia, estima-se que mais de 1,2 milhão de pessoas tenham saído do país desde 24 de fevereiro de 2022.
Portanto, neste momento, essas conversas podem ser uma ótima oportunidade para falar sobre empatia, entender sobre outras realidades que as pessoas vivem, questões humanitárias, solidariedade, gratidão e respeito.
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